terça-feira, 29 de abril de 2008

andanças na cozinha


ele queria impressionar.

nada melhor que cozinhar um bom jantar com as suas próprias mãos.

queria mostrar a sua perícia na cozinha e o seu talento ao fogão.

foi ao super-mercado e comprou tudo aquilo que ia precisar. já estava a imaginar a sua pose de conquistador quando o prato estivesse pronto e o quanto iria ser elogiado pelos seus dotes de culinária que ninguém sabia ainda existirem.

começou a cortar a cebola, bem cortadinha, tal como via a sua mãe fazer.

deitou-a no tacho e começa a fazer o refugado.

cortou a carne e banhou-a em vinha de alho para lhe dar aquele sabor que procurava, ao mesmo tempo que começou a fazer o puré.

decidiu a brir uma garrafa de tinto e beber um copo para apreciar o momento.

já estava a imaginar os efeitos que iam surtir quando lhe voltasse a apresentar aquele prato. era tiro e queda.

ninguém conseguia resistir a um homem que sabe cozinhar.

pôs tudo no tacho e começou a mexer. mais um gole de vinho porque se estava a sentir triunfal ao ver a carne a ficar tostadinha, tal como queria que ficasse.

no momento certo, deitu o molho feito à base de whisky e mais umas coisitas que eram um segredo só seu.

era brilhante, nada iria falhar.

ele estava pronto para saborear o seu jantar da vitória.

até pôs os bons talheres na mesa.

afinal de contas, um cozinhado tão especial não merecia ser saboreado no balcão da cozinha, como os outros todos.

aquele era especial, era o seu prémio, era a prova que também na cozinha ele conseguia triunfar.


sentou-se, encheu o copo e começou a saborear lentamente,


levantou-se, pegou no casaco e saiu.


foi jantar fora porque aquela merda estava intragável...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

vá, quem é que me rogou a praga?

domingo, 20 de abril de 2008


escorrega tão bem.

quase que dá para afogar as mágoas. quase que dá para esquecer a vida que temos, mas que não queriamos ter.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

vamos dançar à chuva????

segunda-feira, 14 de abril de 2008

a trabalheira que dá...



o mercado de usados é complicado.


todos queremos um carro novo, de preferência de gama alta, com estofos em cabedal, climatização, rádio xpto e coisas do género.


mas nem todos tem possibilidades de adquirir tal máquina, até porque, além de um carro novo, bem equipado, pouco poluente, com boas performances, também não queremos exactamente o novo clio, ou talvez ou 207.


acabamos sempre por sonhar com o novo S, ou talvez com um belo Carrera na nossa garagem.


ora, como nem todos conseguimos alcançar o poder económico para tal, lá temos que, se queremos aceder a uma gama mais alta, ao mercado de usados.


aí, já se vê de tudo e a todos os preços, mas não é só felicidade. traz logo as suas complicações.


bem, aí, sempre podemos alcançar um 206, semi-novo. é um carrito jeitoso, com boas curvas, que faz boa figura e os preços até não nos obrigam a correr.


é um carro jeitoso "para começar".


é claro que o 206 não é uma maravilha. até se comporta bem, mas tem motores fraquitos. económicos, mas fraquitos e a qualidade de construção tem muito para se lhe apontar. acaba por andar pouco, fazer muito ruído e acaba por ser pouco mais que um carro. depois, com a idade, vai perdendo o estilo.


quem diz um 206, diz toda a classe de citadinos.


nesta altura, nós queremos é algo superior.


é claro que, com o orçamento que temos, ou conseguimos a sorte grande e conseguimos um optimo negócio, ou temos que procurar por modelos mais antigos.


isso não nos chateia, de forma nenhuma.


um modelo mais antigo daquela classe tem sempre estilo e bons motores e, como sempre tem uma melhor qualidade geral, os ruídos nem se vão ouvindo.


são carros fiaveis e fazem-nos felizes. afinal de contas, quem é que não quer um Gilf, um A3, ou até pequeno Classe B.


é claro que, com a idade, após alguns quilómetros, a idade nota-se. começam a ouvir-se alguns barulhos, levamos ao mecânico, e pá, lá vai um radiador.


ou então o sistema electrico que precisa de ser substituído.


normalmente, tem mazelas pequeninas e precisam de alguma manutenção que, 20 euros aqui, 30 euros ali, e lá se vai uma pequena fortuna.


a isto acrecenta ainda o facto de, sendo modelos ,mais antigos, impõe-se um modelo a gasolina, para não ficarmos parados na estrada, e eles são gastadores.


assim, talvez fosse bem melhor comprar um desses citadinos novo em folha, a crédito. ao menos, por uns dois ou três anos, não temos grandes problemas com eles.


é claro que ainda há outros usados compráveis. são os classicos.


carros ainda mais antigos.


estes, tem duas categorias: aqueles que estão em melhor estado que carros acabados de sair do stand, que acabam por custar mais que um belo desportivo acabado de sair do stand, e os outros.


estes, são de outra gama, concerteza.


é a hipótese que muitos tem de, finalmente, comprarem um Mercedes, um BMW, ou até um Triumph.


são carros de outras eras e isso nota-se. normalmente, tem bastantes riscos na pintura e algumas batidas na chapa. os motores precisam de arranjo, os estofos estão rotos e, em relação ao comportamento, nem se compara a alguns carros já com os seus dez anos.


é claro que estes carros só tem duas espécies de donos.


o primeiro tipo é o típico gajo que não tem dinheiro para comprar um carro novo nem pouco mais ou menos. mas também se está a cagar para isso. vai comprar um carro velho e vai acabar por usá-lo até à sua morte porque não está interessado em arranjá-lo. usa até à morte.


depois, há aqueles que gostam mesmo desses carros antigos.


eles compram o carro. compraram barato, é certo, mas sabem que o carro, com todas aquelas mazelas, não lhes dá estilo nenhum.


também não é assim que o querem.


estes, compram o carro e sabem que o processo não acaba aí.


sabem que é preciso tratar a chapa, sabem que é preciso uma pintura nova e umas quantas peças que faziam falta.


estes homens acabam por gastar ainda mais dinheiro do que se comprassem um Mercedes novo, e tem muito mais trabalho pois tem de o recosntruir de forma praticamente integral.


sabem que demora tempo a fazer uma coisa destas. o próprio carro, se tivesse consciência, provavelmente nem entenderia aquela dedicação que lhe é devotada.


na verdade, nem o carro, nem ninguém.


mas estes homens gostam deste processo. para eles, é mais que ter um carro com estilo, é mais que arranjar o carro para andar. é amar o carro apesar da chapa batida e do motor que não funciona muito bem e trabalhar para o pôr novo outra vez.


serão loucos, ou apenas apaixonados?




(espero que tenham percebido a analogia)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

será que é assim tão fácil?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

uma boa tarde


ah, como o dia de hoje rendeu.

não fiz um corno.

ta,bém não parece que fosse preciso fazê-lo.

sentado na esplanada do bar, desde as 11:00 às 19:30.

oito horas e meia do mais puro fazer nenhum... e gostei.

não é que não tivesse feito nada. fiz. estive ao sol, estive à sombra, conversei com quem já não falava há muito tempo, o telefone tocou e atendi chamadas.

bebi cerveja... bebi muita cerveja. ri-me, contei anedotas, ouvi histórias e disse coisas sem sentido.

qual foi o objectivo desta tarde?

bem, para além de beber e de rir, não teve grande sentido. não era esse o objectivo. de facto, não haviua nenhum sentido.

talvez por isso tenha atirado o telefone ao chão...multiplas vezes, porque já não queria que me telefonassem.

foi uma boa tarde. uma tarde de nuenhum, e uma tarde de tudo.

se calhar, ainda não acabou... vou voltar para lá.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

órgão estúpido


e se o conseguir arrancar?

espetar uma faca no peito e arrancá-lo com mas minhas maos, sentindo-o a deixar de fazer parte de mim.

arrancava-o e via-o ainda a baternas minhas maos, deixando o sangue rojar do meu peito.

quero arrancá-lo e deixar de sentir, ao mesmo tempo que bate fora do meu corpo.

quero arrancá-lo e vê-lo a bater enquanto deixo de sentir.´

deixar de sentir a dor, deixar de sentir paixão, deixar de sentir tudo.

quero que fique apenas a ganancia e a sede de poder, porque essas, ele não controla.

a raivas tambem fica porque me mantem acordado, mas mais nada.

os bons sentmentos vão com ele, ficam fechados, enterrados naquele buraco que vou escavar para o deixar lá.

quero arrancá-lo, talvez não com uma faca. com uma colher. é romba, doi mais. que seja a ultima dor que eu sinto. quero sentior essa dor para não sentir mais nada.

e vou olhar para ele com os meus olhos sanguinarios enquanto o vejo a esvair-se juntamente com a restia de bondade que me resta.

vou deitar esses sentimentos fora juntamente com este órgão inutil que não fez mais nada que não tornar-me num pateta.

órgão estupido e inutil.

quero ver-te fora de mim, quero que morras para eu poder continuar. quero continuar, quero ter a raiva sanguinaria que nao me deixas ter.

quero espumar de raiva quanto te puser na mesa e esquartejar-te.

não me serves da nada, inutil.

quero-te fora, e vou por-te fora.


quarta-feira, 2 de abril de 2008

il padrino


adoro "o padrinho".

é a trilogia que mais nos mostra como os homens são homens e como tudo o que fazemos nos leva a um caminho.

michael corleone é um homem amaldiçoado.

desejoso de ser diferente do pai, acaba por seguir os mesmos passos, acabando ainda por ser ainda pior.

nesta trilogia, vemos um homem que quer ser feliz, longe da vida que o seu pai lhe ensinou, vemos um homem que ser feliz com a mulher que ama, vivendo uma vida honesta.

contudo, aquilo que muita gente vê n'O Padrinho não é apenas isso.

michael corleone não é apenas o homem que tenta fugir ao destino de ser o chefe-do-crime. ele não é apenas o homem condenado a seguir as pisadas do pai.

é mais que isso. é uma história bem mais triste.

michael corleone é o homem que durante toda a sua vida não encontrou a felicidade, é o homem que acabo por viver para o seu trabalho, para a sua família e acabou sozinho.

michael teve tudo o que um homem podia ter pedido:

teve uma família, teve o dinheiro que todos nós queremos ter, teve os carros, teve os negócios, resumindo, teve o poder.

mas foi esse poder que o corrompeu e o levou ao seu triste fim.

o triste fim de michael não é a morte, o triste fim de michael não foi não ter morrido com uma bala, como todos os gangsters acabam por morrer, de forma honrada e com respeito.

NÃO. michael fugiu às balas e morreu de velhice, mas teve um triste fim.

é que, se repararem bem, michael é um homem amaldiçoado.

agora, aquilo que poucos conseguem ver n'O padrinho é que isto não é um filme de homens. é o melhor drama romântico que alguma vez alguém podia ter escrito.

é que o destino de michael não é ser simplesmente o bom que se tornou mau.

o seu destino é muito mais fatídico:

michael é o homem que morre triste porque perdeu todas as mulhers que alguma vez amou.

é verdade. michael é um homem amaldiçoado para o amor. amou muito, amou várias mulhers, mas acabou sozinho, sem amor, sem paixão, sem a companhia que tanto almejava.

michael perdeu o seu amor quando decidiu vingar o pai.

amaldiçoada cosa nostra que o leva a fugir, perdendo amulher com quem iria ficar.

não foi aí que michael assinou o seu casamento com a máfia. foi aí que ele se compriometeu a não amar.

mas michael não cumpriu esse compromisso e pagou por isso.

casou-se na sicilia. não sei se a amou. pode ter sido apenas uma paixão de um homem que estava longe de tudo, pode ter sido a sua tentativa de fuga de uma vida que não queria abraçar. não sei, mas sei que ela ardeu à sua frente, fruto da vingança que ele despoletara.

michael volta e toma o se lugar. estava destinado a isso.

acaba por voltar a casar.

era o seu verdadeiro amor, talvez, mas estava condenado a perdê-la, também.

ela amava-o por aquilo que ele foi, mas o homem que ele era, já nãomais seria.

michael estava condenado pela Família. michael tornar-se-ia no monstro que todos vimos.

michael é um homem condenado e acaba por sofrer a penitência do seu destino.

a sua vida levou a sua mulhr a fazer um aborto. ela não suportava um filho do monstro em que o destino o tornara.

michael vê-se abandonado, michael vê-se sozinho.

michael é o homem condenado pelo amor que nenhum de nós quer ser, mas ele foi.

mesmo quando tenta uma nova vida, michael não consegue fugir do seu destino.

ele é o homem amaldiçoado que está destinado a perder tudo.

mesmo quando vê um rasgo de felicidade, michael é condenado. é abandonado por todas as mulhers que ama.

perde a namorada que se torna esposa, pela sua vida.

perde a sua mulher nas chamas da vingança que ele próprio começou.

e, por fim, acaba por perder a mulher por que arderia no inferno, a sua filha pela bala que era destinada ao seu coração.

michael é o homem amaldiçoado, é o homem condenado a viver sem amor e morrer sozinho.

michael é o homem que se deixou consumir pelo poder e acabou por ter nenhum.

ele perdeu a sua alegria, perdeu o seu poder, mas acima de tudo, acabou por perder tua aquilo que alguma vez amou...

terça-feira, 1 de abril de 2008