domingo, 16 de março de 2008

um dia, de manhã...


estava na esplanada.

pediu um café e ficou a ler o jornal.

não estava muito atento ao que lia.

na verdade, só queria parecer ocupado para que ninguém o chateasse.

o que lhe estava a saber bem eram os raios de sol a bater na cara.

era aquele calor reconfortante com que ele podia contar.

não era um momento perfeito. era apenas o momento que servia para ele se distrair um pouco.

mas, nem por isso as suas amarguras o abandonaram.

continuava a pensar no vazio em que se estava a colocar e aquela ansiedade no peito continuava lá, impedindo-o de gozar o momento.

chegou o café.

bateu a saqueta do açucar e deixou que caisse na chávena.

mexeu o café lentamente. não porque fosse essa a forma de tomar café, mas porque, simplesmente, não tinha outro sítio onde estar.

não estava a aproveitar o momento.

simplesmeste, estava a fugir dos momentos que se seguem.

o sol continuava abater-lhe na cara, mas já não trazia conforto. não estava ali bem.

a ansiedade começava a invadi-lo.

aquela sensação no seu peito já não o deixava pensar direito.

desistiu de tentar ler o jornal.

não estava a fazê-lo de qualquer forma.

olhou para o telemóvel.

três mensagens.

ninguém que lhe interessasse, ninguém a quem quissesse responder.

ela não ligava, não dizia nada. pelo menos nada que ele quisesse ouvir.

bebeu o café, deixou o dinheiro em cima da mesa.

já não queria estar ali, estava demasiado amargurado para esperar que viesse a conta.

foi embora, acompanhado pela sua solidão.

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