estava na esplanada.
pediu um café e ficou a ler o jornal.
não estava muito atento ao que lia.
na verdade, só queria parecer ocupado para que ninguém o chateasse.
o que lhe estava a saber bem eram os raios de sol a bater na cara.
era aquele calor reconfortante com que ele podia contar.
não era um momento perfeito. era apenas o momento que servia para ele se distrair um pouco.
mas, nem por isso as suas amarguras o abandonaram.
continuava a pensar no vazio em que se estava a colocar e aquela ansiedade no peito continuava lá, impedindo-o de gozar o momento.
chegou o café.
bateu a saqueta do açucar e deixou que caisse na chávena.
mexeu o café lentamente. não porque fosse essa a forma de tomar café, mas porque, simplesmente, não tinha outro sítio onde estar.
não estava a aproveitar o momento.
simplesmeste, estava a fugir dos momentos que se seguem.
o sol continuava abater-lhe na cara, mas já não trazia conforto. não estava ali bem.
a ansiedade começava a invadi-lo.
aquela sensação no seu peito já não o deixava pensar direito.
desistiu de tentar ler o jornal.
não estava a fazê-lo de qualquer forma.
olhou para o telemóvel.
três mensagens.
ninguém que lhe interessasse, ninguém a quem quissesse responder.
ela não ligava, não dizia nada. pelo menos nada que ele quisesse ouvir.
bebeu o café, deixou o dinheiro em cima da mesa.
já não queria estar ali, estava demasiado amargurado para esperar que viesse a conta.
foi embora, acompanhado pela sua solidão.
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