foi diferente.
ele chegou atrasado, de calças de ganga e com ar de mandar no mundo.
fomos todos para o gabinete dele.
perguntou os nomes e não mais se calou.
falava, falava e eu questionava-me acerca do momento em que podia intervir.
estava difícil. na verdade, era impossível.
fumava cigarro atrás de cigarro e ainda se pode dar ao luxo de referir o topo-de-gama que conduzia.
e continuava a falar.
dos três à sua volta, não havia um que conseguisse abrir a boca.
falou do curso, do mestrado e da forma como ia morrer entre os estudantes.
falou de ser o melhor, de só assim valer a pena e de não gostar de perder, nem que fosse a feijões.
os cigarros continuavam a acender-se e continuavamos sem abrir a boca, enquanto que falava de ser uma ave nocturna e não aparecer de manhã para trabalhar.
já me começava a chatear a situação.
já me chateava esta persona que parece só nos ter chamado lá para ter audiência.
apaixonado pela sua voz, já me parecia desde o ínicio que era, mas não deveria ele deixar-nos falar? foi para isso que lá fomos.
e eu sentia-me desconfortável dentro do meu fato azul cada vez que reparava nesta personagem de calças de ganga. "sou tão bom que não preciso de usar fato". era essa a mensagem que nos transmitia.
foi uma tarde estranha, foi uma experiência peculiar. foi...
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